Morreu
nesta sexta-feira (23), aos 80 anos, o humorista Chico Anysio. Ele estava
internado no Hospital Samaritano, na Zona Sul do Rio, havia três meses. Ao
longo de seus 65 anos de carreira, Chico Anysio criou mais de 200 personagens e
foi um dos maiores humoristas do Brasil com destaque no rádio, na TV, no cinema
e no teatro. Ele deixa oito filhos.
O Brasil chora a perda de um de seus maiores humoristas. O post esta bem resumido mas o conteúdo foi pego no G1 que tem a matéria completa com um belíssimo resumo dos anos de carreira.
Rádio e TV
Foi
no Rádio Guanabara, ainda nos anos 50, que os seus tipos cômicos começaram a
surgir. Até o “talento para imitar vozes”, como o proprio Chico descreveria em
seu site, evoluir para a televisão. A estreia aconteceu em 1957, na extinta TV
Rio, no programa “Aí vem dona Isaura”. Foi lá que o Professor Raimundo teve sua
primeira aparição no vídeo, como o tio da protagonista que vinha do Nordeste —
até então o programa só havia sido veiculado pelo rádio.
O
“Chico Anysio Show”, seu primeiro programa de humor, foi lançado no início da
década de 60. Foi ao ar pela TV Rio, depois pela Excelsior e em 1982 voltou a
ser exibido pela Rede Globo — onde o humorista já trabalhava desde 1969.
Mas
foi na Globo que teve seus programas humorísticos de maior sucesso e onde
desenvolveu a maioria de seus personagens. Entre as atrações, destaque para
“Chico city” (1973-1980), “Chico total” (1981 e 1996) e “Chico Anysio show”
(1982-1990).
Alguns
desses personagens quase que se misturam à história da televisão brasileira,
como o ator canastrão Alberto Roberto, o pão-duro Gastão Franco, o coronel
Pantaleão, o pai-de-santo Véio Zuza, o velhinho ranzinza Popó, o alcoólatra
Tavares e sua mulher Biscoito (Zezé Macedo) e o revoltado Jovem.
Com
o passar dos anos, novos tipos eram criados e incorporados ao programa: o
funcionário da TV Globo Bozó, que tentava impressionar as mulheres por conta de
sua condição; o mulherengo e bonachão Nazareno, sempre de olho nas serviçais; o
político corrupto Justo Veríssimo; e o pai de santo baiano e preguiçoso Painho
são alguns dos mais populares.
Apresentada
como quadro em outros programas desde a década de 1980, a “Escolinha do
Professor Raimundo” tornou-se uma atração independente em 1990. No ar até 2002,
o humorístico lançou toda uma geração de comediantes. Entre os “alunos”
revelados pelo “professor Chico” estão Claudia Rodrigues, Tom Cavalcante e
Claudia Gimenez.
Chico
também atuou em novelas e especiais da Globo, como “Pé na jaca” (2007), “Sinhá
Moça” (2006), “Guerra e paz” (2008) e “A diarista” (2004). Chico Anysio também
teve um quadro fixo no Fantástico por 17 anos (de 1974 a 1991), e supervisionou
a criação no programa “Os Trapalhões” no início dos anos 90.
Cinema.
A
incursão mais recente de Chico Anysio no cinema foi como dublador. É dele a voz
do protagonista da animação “Up - Altas aventuras", animação do estúdio
Pixar. Antes disso, o humorista fez uma participação especial no recordista de
bilheteria “Se eu fosse você 2” (2008), de Daniel Filho. “Nos créditos finais
fiz questão de colocar ‘senhor Francisco Anysio’. Ele é um astro, merece ser
tratado com toda reverência”, explicou o diretor em entrevista aoG1 durante
o lançamento do longa. Em 1996, o humorista interpretou o personagem Zé
Esteves, pai da personagem-título, em “Tieta”, de Cacá Diegues. O trabalho
coincidiu com o aniversário de 25 anos da estréia de Chicono cinema, na
pornochanchada "O doce esporte do sexo". Antes havia participado de
comédias como "Mulheres à vista" e "Cacareco vem aí". Em
2011, em sua última aparição pública, recebeu o prêmio especial do Júri do
Festival do Rio pelo seu desempenho no longa “A hora e a vez de Augusto
Matraga”, do diretor Vinícius Coimbra.
"O
filme é importantíssimo, a obra é linda. Vinícius realizou algo quase
inacreditável. É um filme que, tenho certeza, Sergio Leone assinaria com
alegria", destacou o bem humorado Chico, que fez questão de receber o
Troféu Redentor pessoalmente, mesmo de cadeira de rodas.
Literatura e artes plásticas
Além de se dedicar ao humor, Chico também foi
artista plástico. Apaixonado pela pintura, retratou paisagens ao redor do mundo
a partir de fotografias que tirava dos países que visitava. Realizou exposições
de seus quadros em diversas galerias do Brasil e chegou a afirmar que gostaria
de ter dedicado mais tempo à atividade.
Foi
autor de 21 livros, tendo publicado vários best-sellers na década de 70, como
"O Batizado da vaca", "O telefone amarelo" e "O
enterro do anão". Sua última publicação foi “O canalha”, lançada em 2000.
“É
a história do cara que participou de todos os governos, desde Eurico Gaspar
Dutra até o primeiro mandato de Fernando Henrique. Foi ele o responsável por
todas as canalhices que ocorreram de lá para cá, como dar um revólver de
presente a Getúlio Vargas”, explicaria o escritor Chico Anysio em entrevista à
revista “Época”, no mesmo ano.
Outra
de suas obras de destaque na literatura é o bem humorado manual “Como segurar
seu casamento”, também de 2000. Na época, advertiu os leitores: “Não dou
conselhos, transmito os erros que cometi e foram cometidos em cinco casamentos.
Conviver é a arte de conceder. Essa troca de concessões gera a convivência
harmônica”, comentou.
A perda de Chico Anysio deixa um grande vazio no humor e na literatura brasileira. Que fica mais pobre, mais limitado, mais triste com sua partida.
1 comentários:
Eterno Chico"
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